Exposição

Depoimento de Paulo Hartung sobre a exposição no MAES



Depoimento de Dayse Lemos sobre a exposição no MAES




Depoimento de Erlon J. Paschoal sobre a exposição no MAES




Depoimento de Beatriz Milhazes sobre a exposição no MAES




Texto do curador Ivo Mesquita sobre a Exposição Beatriz Milhazes: gravuras.

 O trabalho de Beatriz Milhazes está entre os mais conhecidos e originais no panorama internacional da visualidade contemporânea, tendo criado um vocabulário plástico próprio, com densas superfícies pictóricas, compostas por planos e formas coloridas, vibrantes e evocativas. Constitui-se em um dos mais potentes projetos de pintura na atualidade, entendida como um campo a ser mantido em movimento e expansão, pelo exercício programático da linguagem e da preservação da sua memória. Desse modo, sua produção artística se articula como uma reflexão sistemática e profunda sobre a natureza da pintura, suas possibilidades poéticas e de produção de sentido, seus lugares na contemporaneidade.

Ela toma como ponto de partida do trabalho a colagem, essa forma de “apropriação de pedaços do mundo” aplicados à superfície da tela, na pintura moderna engendrada pelos cubistas. Transformada por procedimentos diversos – pintura, decalque, justaposição, sobreposições –, a colagem em Milhazes não aparece como técnica eventual, mas como estratégia que viabiliza a prática da pintura hoje como algo essencialmente abstrato, de ordem conceitual, um processo constante de apropriação e revisão do repertório visual corrente e da história da arte. A despeito dos conteúdos narrativos ou literários que possam ser identificados em suas pinturas, o que arma os campos de cores e vibrações criados pela artista são áreas monocromáticas, planos divididos, como numa pintura concreta ou numa ampla grade minimalista. São colagens porque coletam, transferem e incorporam elementos de diferentes realidades, para produzir, no plano da representação, ambivalências e ambigüidades para que o olhar não se acomode e possa ver através da sedutora, mas terrível beleza da cultura das imagens e reproduções.

Desde 1996, Milhazes tem explorado as possibilidades da gravura como meio para aprofundar questões formais do seu trabalho e reciclar seu imaginário pessoal. Assim, ela cria imagens a partir de diversas impressões de partes móveis, múltiplas e coloridas, articuladas em combinações e repetições, num processo análogo aos seus procedimentos na pintura e na colagem. Elas mostram o uso de algumas constantes formais – divisão geométrica do espaço, planos de cores, listras, complexidade de camadas – e iconográficas – rendas, recortes, contas, medalhões, flores, guirlandas, arabescos – articulados em zonas de tensões e movimentos, em composições extremamente elaboradas como numa grande orquestração musical. Nelas se pode perceber o mesmo repertório de temas e motivos em torno do feminino, da paisagem tropical, das expressões populares, da tradição do Barroco, que de um modo amplo identificam o seu estilo.

Entretanto, deve-se observar que essas gravuras não são apenas uma analogia de suas pinturas, espécie de multiplicação de seu imaginário. Elas são também uma investigação em torno das possibilidades do meio: a serigrafia oferece cores sólidas, não moduladas, cortes precisos, opacidade, enquanto o bloco de xilogravura possibilita a textura e certo imediatismo. A gravura é um método e processo que nos últimos dez anos foi, certamente, colaborando na estruturação, ampliação e adensamento da pintura e da colagem de Milhazes, assim como na expansão de sua prática em projetos de intervenções na arquitetura de diferentes edifícios.   

As dezessete gravuras ora apresentadas no Museu de Arte do Espírito Santo foram generosamente doadas à Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2008, pela artista e pela Durham Press, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde, desde 1996 Milhazes tem estado em residências regulares, para o planejamento e desenvolvimento desse magnífico conjunto de trabalhos.

Ivo Mesquita, curador
Pinacoteca do Estado de São Paulo


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Ivo Mesquita. Curador da Exposição de Beatriz Milhazes: Gravuras no MAES





Juliana Ripoli. Assistente de curadoria





Leila Horta. Diretora do MAES




Ana Luiza Bringuente (Coordenadora de Arte-educação no MAES)